terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Mais uma sobre técnicos

"No futebol brasileiro, o técnico não tem que matar um leão por dia. Tem que matar todos os leões da floresta por dia"

Telê Santana

PS: Será que é só aqui?

Estréia !

Olá, amigos do FCEO!

A partir de hoje vou colaborar com textos, clippings e tudo que eu julgar interessante sobre Futebol, café e opinião. Além do amistoso entre Itália e Brasil, às 17h45, o grande assunto do almoço foi a demissão de Felipão do comando do Chelsea. Estava procurando na internet algum artigo sobre fracassos de técnicos brasileiros no exterior, mas encontrei uma entrevista muito legal do PVC, comentarista da ESPN Brasil, com a opinião dele sobre alguns comandantes do Brasil e do mundo, vale a pena ler!

Luxemburgo - "O melhor técnico do Brasil e tem essa qualidade. Enxerga o jogo e muda quanto tem que mudar. Às vezes perde pro espelho".

Parreira - "Nunca foi apaixonado por futebol, e sim por educação física. Conhece a história do futebol, estuda, mas não fala tão bem a língua dos caras. O que ele tinha em 94 como anteparo? O Zagallo. Agora não dá pra menosprezar o trabalho dele, falar que ele é um merda. Não, não é um merda. Ele é campeão do mundo. Não tem muito que se contestar. É um técnico que conhece futebol, mas não conhece a alma do jogador. Como o Felipão conhece".

Zagallo - "Teve muitos méritos na carreira, montar times que jogavam de maneiras diferentes. O Botafogo dos anos 60 que jogava no contra-ataque, a Seleção de 70 também. Depois foi acusado de defensivista em 74. Depois montou um time ofensivo em 98 com uma porrada de deficiências na defesa. Zagallo conhece muito menos a teoria do que a prática e a alma do jogador. Aí o casamento dele com o Parreira".

Felipão - "Tem formação de jogador, entende a alma do jogador, mas conhece muito futebol. Como diz o Muricy, ele passa a vida vendo futebol. Isso faz diferença filha-da-puta. Você só conhece futebol vendo. E o Parreira não vê. Então você não sabe quem jogou, como jogou, pra que lado ele vai fechar o drible, se vai chutar de fora da área, não adianta".Autuori - "É um cara que caiu no futebol por acaso, era preparador físico, gosta muito de futebol. É um cara que sabe muito na teoria, e às vezes pode não ter esse conhecimento da alma do jogador, mas sabe montar bons times e respeita a característica do time dele".

Leão - " Pra mim sempre tem prazo de validade. Pega todos os trabalhos dele, à exceção de dois, ele dura um ano no máximo. O Palmeiras de 89 durou um ano com dois times diferentes, dois trabalhos bons, diferentes, no mesmo clube. A exceção é o Santos do Brasileiro de 98, terceiro lugar, ficou um ano e meio ali, mas de bom mesmo só um ano. E o Santos de 2002, onde ele se fechou com os garotos e não trabalhava dessa maneira tão rígida".

Abel Braga - "Tem muita vontade de montar times ofensivos. Tem bons trabalhos na carreira, em períodos diferentes. Todos eram fortes no ataque e tinham problemas defensivos – curiosamente ele foi zagueiro, e de Copa do Mundo. Não é o técnico dos meus sonhos, mas é um bom técnico e que evoluiu. Se você pensar no Abel campeão pernambucano e no Abel de hoje é um cara que evoluiu".

Muricy - "Acho que tem muita coisa pra crescer. É um técnico que conhece futebol, às vezes é tímido, demora pra tomar uma atitude. Mas tem a grande qualidade de ver, estudar e conhecer futebol. E na relação com o grupo também vai bem".

Brandão e Lula - "Vi pouco dos dois. Brandão era um gaúcho naturalizado paulista que tinha história de chegar junto. Times deles marcavam muito forte. É engraçado porque parece que marcação surgiu nos anos 90. Tem times que jogaram na defesa na história toda do futebol. Ele foi bicampeão brasileiro empatando em zero a zero nas duas finais, em 72 e 73. O Lula dirigiu durante doze anos um time monumental. Injusto dizer que não tem participação, porque ele montou o time, escolheu os jogadores certos, no mínimo".

Telê - "Tinha muito cuidado com o fundamento. Prezava muito essa história. Jogador ter vigor no passe, chute, cruzamento. Em vários momentos ele mudou o time taticamente. Em 79, jogava com dois volantes. Ele evoluiu de 82 pra 86 porque pôs dois volantes. Ele pensou aquele time daquele jeito. Tinha problemas, era lento, não atacava bem pelo lado direito".

Feola - "Não era técnico, na verdade. Criou polêmica porque foi colocado como técnico em 58 e ele já não era há dez anos. Ele reformulou o São Paulo nos anos 40, foi vice-campeão paulista pelo Estudantes em 37, foi vice com o São Paulo onde ocupava funções de auxiliar e administrativas vez por outra, foi bicampeão em 48 e 49. Continuou como auxiliar do Tim Lopes, em 57 foi auxiliar do Bella Gutman, que levou ensinamentos húngaros para o time de 58. Me parece que ele tinha sensibilidade de futebol pra montar bons times, e captou coisas com o Guttman no São Paulo. Tem o grande mérito da humildade, de saber ouvir".

Aymoré e Zezé Moreira - "O Zezé era mais estrategista. Foi campeão com o Fluminense em 78 e 79. Agora é difícil medir o Aymoré, ele era um goleiro. Eram dois táticos. Talvez o Aymoré fosse mais empírico. Os dois fizeram sucesso, e o Zezé ficou famoso pela marcação por zona".

Pozzo - "Era um jornalista que assumiu a seleção da Itália e que estudava e tem a história de que passou um mês estudando o Arsenal e os times ingleses. Viu como jogavam, com um WM, e voltou pra lá e não montou a Itália no WM. Ele tava antenado com o que acontecia no mundo, mas não significa que influenciava o jeito do time jogar".

Sepp Herberger - "Ele tem a tal frase que o Parreira gosta de citar: futebol é o esporte onde você tem que impor seu estilo. Na verdade, ele criou o estilo alemão. Eu acho lenda quem diz que futebol alemão é defensivo. Nunca foi. Sempre mesclou com mais capacidade a qualidade técnica dos jogadores dela, não habilidade, qualidade técnica com a força. Mas sempre jogando muito forte no ataque, forte na marcação com saída rápido. Difícil dizer que nasceu com o Otto Nerz, técnico anterior, mas nasceu com o Herberger. E a Alemanha tem essa história da linha sucessória que explica um pouco o sucesso do Klinsmann. Ele deu o lugar ao auxiliar dele, Helmut Schön, que deu lugar ao auxiliar dele, o Juup, que deu lugar ao Beckenbauer (que tinha passado por toda essa história antes), que deu lugar ao Berti Vogts, que tinha passado por toda essa história e era auxiliar do Beckenbauer. Quem quebrou o ciclo foi o Erich Ribbech, que foi o maior fracasso. E voltou pra linha anterior. Não com os técnicos auxiliares, mas com o Voller que tinha sido jogador do Beckenbauer e do Vogts. E o Klinsmann também. Agora tem outra ruptura com essa história. Mas o Löew caiu dentro da seleção com o Klinsmann. Então tem de novo uma linha sucessória. E ele é o tático da história".

Mourinho - "É bom pra cacete. Também perde pro espelho".

Ferguson - "Foi centroavante. Tem essa linha de coordenar tudo. O que ele não está conseguindo fazer agora o que fez lá atrás. Quando contratou o Cantona, também foi a maior loucura. Mas foi o jogador que mais deu certo, foi símbolo do renascimento do Manchester. E depois ele remontou o time que acabou sendo campeão europeu, com os babies. E isso que não tem conseguido fazer, o que denuncia um erro na gestão total, de não encontrar jogadores de talento lá embaixo. Acho que o Manchester precisa de uma sucessão natural, que o Ferguson não consegue achar. E o Queiroz não é o cara".

Capello - "É um técnico ultra-defensivo, prioriza a defesa, mas sempre teve times rápidos no ataque. O exemplo maior disso é a Roma, campeã italiana de 2001. Mas hoje ele está numa fase que tem dificuldades de montar um time insinuante quando retoma a bola. O Real Madrid não ia sossegar enquanto o Capello não fosse pra lá, e acho que ele vai fazer sucesso. Não sei se será campeão".

Bianchi - "Talvez ele conheça bem a França, porque fez muito sucesso como jogador lá. Ele é hoje um treinador que pode se dizer que conhece muito o futebol em que atuou: o futebol argentino. Ele conhece a alma do jogador argentino, não do jogador de futebol".